Efeitos do calor no coração

Efeitos do calor no coração

O corpo humano dispõe de mecanismos naturais para regular sua temperatura, porém, em períodos de calor extremo, sinais como suor excessivo, desidratação, dor de cabeça e náuseas indicam que o organismo está sob estresse térmico. Embora esses sintomas sejam característicos do verão, sua ocorrência tem se tornado cada vez mais frequente devido ao agravamento do aquecimento global.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as ondas de calor estão se intensificando, tornando-se mais duradouras e recorrentes em função das mudanças climáticas, o que representa um risco significativo para a saúde. Para indivíduos com doenças cardíacas, a exposição a temperaturas elevadas pode ser ainda mais desafiadora, tornando essencial a adoção de medidas de proteção e resfriamento para minimizar os impactos do calor excessivo.

A exposição a temperaturas elevadas vai além do desconforto térmico, representando um fator de risco significativo para a saúde cardiovascular. O calor excessivo sobrecarrega o sistema circulatório, exigindo um esforço adicional do coração, o que pode aumentar a incidência de infartos, arritmias e insuficiência cardíaca. Mesmo indivíduos jovens e saudáveis podem experimentar um impacto considerável no funcionamento do coração quando submetidos a elevações na temperatura corporal.

Um estudo recente investigou essa relação ao expor grupos de adultos saudáveis e portadores de doença arterial coronariana a uma temperatura elevada em laboratório, suficiente para aumentar sua temperatura corporal em 1,5°C. Os resultados, publicados na Annals of Internal Medicine, indicaram um aumento no fluxo sanguíneo miocárdico, evidenciando a influência direta do calor sobre o sistema cardiovascular e reforçando a necessidade de precauções em ambientes de alta temperatura.

É fundamental compreender os sinais e sintomas que indicam uma exposição excessiva ao calor, permitindo uma intervenção rápida e eficaz para evitar complicações graves.

Sintomas da exaustão pelo calor:

  • Dor de cabeça;
  • Sudorese intensa;
  • Pele fria, úmida e calafrios;
  • Tontura ou desmaio (síncope);
  • Pulso fraco e acelerado;
  • Cãibras musculares;
  • Respiração rápida e superficial;
  • Náuseas, vômitos ou ambos.

Diante desses sintomas, é essencial buscar um ambiente mais fresco, interromper qualquer atividade física e adotar medidas para resfriamento imediato, como a aplicação de água fria sobre o corpo e a reidratação. Em alguns casos, pode ser necessário atendimento médico.

Sintomas da insolação:

  • Pele quente e seca, sem sinais de transpiração;
  • Pulso forte e acelerado;
  • Confusão mental e/ou perda de consciência;
  • Febre elevada;
  • Dor de cabeça intensa e pulsante;
  • Náuseas, vômitos ou ambos.

A insolação requer assistência médica imediata, pois pode representar risco à vida. Vale destacar que a insolação não deve ser confundida com o acidente vascular cerebral (AVC), que ocorre quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe ou é obstruído por um coágulo, reduzindo o fluxo de oxigênio para o cérebro.

  • Fique atento ao horário: Evite a exposição ao ar livre no início da tarde, entre 12h e 15h, período em que a radiação solar atinge seu pico, aumentando o risco de problemas relacionados ao calor.
  • Vista-se adequadamente: Prefira roupas leves, de cores claras e confeccionadas em tecidos respiráveis, como algodão ou materiais tecnológicos que auxiliam na absorção do suor. O uso de chapéus e óculos de sol também é recomendado.
  • Mantenha-se hidratado: Beba água regularmente, ingerindo alguns copos antes, durante e após atividades ao ar livre. Evite bebidas alcoólicas ou cafeinadas, pois podem contribuir para a desidratação.
  • Faça pausas frequentes: Busque locais com sombra ou ambientes frescos para descansar, reidrate-se e só retome suas atividades após um breve intervalo.
  1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estratégia mundial da OMS sobre mudanças climáticas e saúde pública. Genebra: OMS, 2018. Disponível em: https://www.afro.who.int/sites/default/files/2018-08/AFR-RC68-12%20Estrat%C3%A9gia%20Global%20da%20OMS%20sobre%20mudan%C3%A7as%20clim%C3%A1ticas_0.pdf. Acesso em: 1 mar. 2025.
  2. BARRY, Hadiatou; IGLESIES-GRAU, Josep; CHASELING, Georgia K.; et al. The effect of heat exposure on myocardial blood flow and cardiovascular function. Annals of Internal Medicine, [S.l.], v. 177, n. 12, p. 865-873, 2024. DOI: 10.7326/M24-3504.
  3. Barry H et al. The Effect of Heat Exposure on Myocardial Blood Flow and Cardiovascular Function. Annals of Internal Medicine. June 11, 2024.
  4. Guallar E et al. Feeling the Heat: Cardiovascular Consequences of Heat Exposure Under Controlled Experimental Conditions. Annals of Internal Medicine. June 11, 2024.

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Lucas Veríssimo

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