Dor ciática (ciatalgia)

Dor ciática (ciatalgia)

A ciatalgia é um quadro doloroso decorrente da compressão ou irritação de uma raiz nervosa na coluna lombossacral, resultando em sintomas que podem se estender ao longo do trajeto do nervo ciático, desde a região lombar até os membros inferiores.

Importa destacar que a ciatalgia não constitui uma entidade patológica isolada, mas sim um sinal clínico indicativo de uma condição subjacente que compromete a integridade do nervo ciático. Esse nervo, o maior e mais volumoso do corpo humano, emerge das raízes nervosas de L4 a S3, atravessa a região glútea e se prolonga pelas faces posteriores das coxas, terminando logo abaixo dos joelhos, onde se divide nos nervos tibial e fibular comum.

As causas mais frequentes de compressão radicular incluem hérnia de disco intervertebral, estenose do canal vertebral, espondilolistese, formações osteofitárias (bicos de papagaio) e, em casos mais raros, tumores ou abscessos. Embora a dor associada à ciatalgia possa ser intensa e debilitante, casos resultantes de hérnia discal costumam responder bem ao tratamento conservador, com melhora significativa em poucas semanas a meses.

Todavia, pacientes que apresentam déficits neurológicos progressivos, como fraqueza muscular significativa, alterações sensitivas persistentes ou disfunções esfincterianas (como incontinência urinária ou fecal), podem exigir avaliação neurocirúrgica para intervenção descompressiva urgente.

Os sintomas comuns da ciatalgia incluem dor intensa — frequentemente descrita como aguda, lancinante ou em queimação —, além de dormência e formigamento. A intensidade e a localização dos sintomas podem variar significativamente entre os indivíduos. Para alguns, a ciatalgia se manifesta como um leve desconforto, enquanto para outros, a dor pode ser intensa e incapacitante.

A dor costuma irradiar da região lombar, passando pelas nádegas e descendo por uma ou ambas as pernas. Em alguns casos, os sintomas podem se concentrar exclusivamente na perna e no pé, sem qualquer desconforto na região lombar ou glútea.

A intensidade da dor pode flutuar ao longo do dia ou variar de acordo com a postura corporal, sendo frequentemente exacerbada ao sentar, tossir ou realizar determinados movimentos que aumentam a pressão sobre as raízes nervosas.

O diagnóstico da ciatalgia é estabelecido com base na avaliação clínica, durante a qual o médico investiga a força muscular, os reflexos profundos e a sensibilidade do paciente. Um dos testes frequentemente utilizados é o sinal de Lasègue, que auxilia na identificação de compressões radiculares. Conforme o caso, podem ser solicitadas a ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada (TC), modalidades de imagem que fornecem detalhes anatômicos da coluna vertebral e permitem a identificação de anormalidades, como hérnias de disco, estenose espinhal ou outras alterações estruturais que possam estar causando a compressão do nervo ciático.

O tratamento da ciatalgia, na maioria dos casos, pode ser realizado por meio de métodos conservadores, que incluem o uso de medicamentos e sessões de fisioterapia.

  • Medicamentos: O manejo medicamentoso visa à redução da dor e da inflamação associadas à compressão do nervo ciático. Entre os fármacos mais comumente prescritos estão os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), os relaxantes musculares e, em casos mais graves, os opioides, sempre com rigorosa supervisão médica, devido à possibilidade de efeitos adversos.
  • Fisioterapia: A fisioterapia desempenha um papel central na recuperação funcional de pacientes com ciatalgia. O fisioterapeuta pode orientar exercícios específicos de alongamento e fortalecimento, com o objetivo de reduzir a dor, ampliar a amplitude de movimento e restaurar a força e a mobilidade. Ademais, técnicas de terapia manual e modalidades como ultrassom, estimulação elétrica e terapia de calor podem ser empregadas para aliviar a dor e reduzir a inflamação local.
  • Cirurgia: A intervenção cirúrgica pode ser considerada nos casos em que a dor incapacitante persiste por três meses ou mais, mesmo após a adoção de tratamentos conservadores. Os procedimentos cirúrgicos mais comuns incluem a remoção de hérnias de disco ou osteófitos (esporões ósseos) que comprimem as raízes nervosas, aliviando a pressão sobre o nervo ciático e promovendo a recuperação funcional.
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Lucas Veríssimo

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