Dedo em gatilho: quando seu dedo “fica preso”

Dedo em gatilho: quando seu dedo “fica preso”

O dedo em gatilho, clinicamente referido como tenossinovite estenosante, é uma das condições mais recorrentes associadas à dor e à limitação funcional das mãos. Esse quadro é marcado por dores intensas, rigidez articular e uma sensação peculiar de travamento ou “tranco” que ocorre durante os movimentos de flexão e extensão dos dedos. O paciente pode ter um dedo que se encontra preso em uma determinada posição, geralmente em flexão (dobrado), o que pode necessitar de uma manipulação delicada e passiva para alcançar a extensão total.

O dedo em gatilho resulta do espessamento do tendão flexor na região distal da palma da mão, (1)(2) causando deslizamento anômalo e travamento do tendão dentro de sua bainha. Esse bloqueio ocorre, em particular, na borda da primeira polia anular (A1). Embora a etiologia da condição seja incerta, observa-se uma maior incidência em pacientes com artrite reumatoide ou diabetes mellitus, sugerindo uma possível relação com essas patologias.

Os sinais e sintomas do dedo em gatilho incluem:

  • Bloqueio ou estalido durante a flexão-extensão ativa dos dedos (nas fases avançadas, pode ser necessária manipulação passiva para estender o dedo)
  • Rigidez no dedo, especialmente em casos prolongados ou negligenciados
  • Dor na palma da mão
  • Dor que se irradia ao longo do dedo
  • Estalido durante a extensão ativa ou passiva
  • Sensação palpável de estalo ou crepitação sobre a polia A1
  • Sensibilidade ao toque sobre a polia A1
  • Nódulo palpável ao longo do tendão flexor superficial dos dedos, logo distal à articulação metacarpofalângica na palma da mão
  • Deformidade em flexão fixa nas apresentações tardias, especialmente na articulação interfalângica proximal
  • Presença de condições associadas, como artrite reumatoide (AR) ou gota
  • Sinais iniciais de gatilho em outros dedos (podendo ser bilateral)
American Academy of Orthopaedic Surgeons

O diagnóstico do dedo em gatilho geralmente é feito com base na descrição dos sintomas e no exame clínico realizado pelo médico. Normalmente, não são necessários exames complementares, como raios-X. Durante a avaliação, o médico verificará a presença de dor e inchaço na base do dedo ou polegar enquanto o paciente abre e fecha a mão, além de realizar outros movimentos. É importante distinguir essa condição de outras, como a contratura de Dupuytren, que também pode causar dificuldade em estender o dedo, mas, geralmente, sem dor.

O primeiro passo no tratamento do dedo em gatilho é interromper qualquer atividade que agrave a condição, o que pode ser um desafio, especialmente para aqueles que dependem das mãos para o trabalho. O segundo passo envolve a imobilização do dedo ou polegar afetado, seja através da fixação a um dedo adjacente ou do uso de uma tala. A imobilização noturna pode ser particularmente eficaz para evitar o bloqueio da articulação.

A fisioterapia oferece uma série de benefícios valiosos para o tratamento do dedo em gatilho, sendo uma abordagem conservadora e não invasiva. Entre os principais ganhos estão a redução da dor e o aumento da amplitude de movimento, por meio de técnicas como terapia manual, alongamento e modalidades como ultrassom e terapia de calor. Além disso, a fisioterapia fortalece os músculos das mãos e antebraços, proporcionando maior estabilidade e suporte ao dedo afetado, prevenindo complicações futuras.

  1. AAOS. Dedo em gatilho. AAOS Fundamentos de Cuidados Musculoesqueléticos. 6ª ed. Burlington, MA: Jones & Bartlett Learning; 2022.
  2. Finnoff JT, Johnson W. Dor e disfunção nos membros superiores. Cifu DX, Eapen BC, Johns JS, Kowalske KJ, Lew HL, Miller MA, et al, eds. Medicina Física e Reabilitação de Braddom. 6ª ed. Filadélfia: Elsevier; 2021. 715-26.

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Lucas Veríssimo

Autor e proprietário da Avantefisio